O Sotaque de Belém – Pará – Brasil

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A cidade debruçada sobre o rio acorda ao som dos pô-pô-pôs, o vai e vem de gente com frutas, pescados, peneiros de açaí no ombro, vai aumentando a cada raio de sol que se intensifica e reluz na pele do caboclo, que faz o mercado do Ver-O-Peso em Belém não parar.
A maior Feira ao ar livre da América Latina nunca dorme: há sempre um movimento intenso de trabalhadores, turistas que vieram conhecer as frutas, os cheiros, os peixes da Amazónia e acabam encontrando um pouco além, conhecem nossos cheiros nas barracas de ervas, nossos sons e artesanato, entram em contacto com um Universo imenso de cores, sabores, timbres únicos, tudo isso tendo como testemunhas seculares os velhos casarios do entorno da velha cidade, como o prédio que dá nome à Feira, o velho Mercado de carne todo em ferro inglês, parecido com os Mercados de Lisboa, e os poucos comércios de famílias portuguesas que ainda resistem como a Casa Chama, onde se encontram artigos para todas as necessidades e gostos.
O Veropa como é chamado por alguns que já são íntimos do lugar, presenciou grandes manifestações religiosas e politicas: a grande Procissão do Círio de Nazaré passa pela Feira, onde a imagem de Nª. Sr.ª de Nazaré recebe homenagens dos trabalhadores locais, e é nesse momento que os homens ricos, os trabalhadores, os moradores de ruas, os bêbados e as mulheres da vida ficam todos iguais ao partilhar esta experiência religiosa e social como uma comunidade . A Feira do Ver-O-Peso consegue agregar, mesmo durante o dia, uma multidão que está ali para comprar artigos que se vendem normalmente numa Feira, como pessoas que vão matar o calor de Belém com uma cerveja gelada acompanhada de um tira-gosto de peixe frito.
Belém guarda entre as heranças dos irmãos lusitanos, não somente a influência arquitectónica, as artes e a musica, mas também os hábitos alimentares o gosto pelo bacalhau que aqui encontra o seu parente amazónico, o Pirarucu, grande peixe que encontramos nas águas doces dos rios da Amazónia, de farta carne salgada. As Padarias foram trazidas para cá no período da colonização, na época de “Belle Époque” tínhamos aqui belíssimos cafés que serviam de pontos de encontro para a população. Hoje a nossa cidade ainda guarda muitos ‘sotaques’ e peculiaridades, que contribuíram na formação da Cultura do Belenense e do povo brasileiro como um todo.

Hernany Fedasi
Fotógrafo / Produtor Cultural

Milton Miranda Jr.
Historiador / Produtor Cultural

 

Legenda: Fotos de Hernany Fedasi de Belém do Pará

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